segunda-feira, 3 de março de 2008

Poema em linhas tortas

por Keissy Carvelli

Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus companheiros têm sido amados
E afagados pelas mãos suaves dos amores contidos.
E eu, sempre tão infantil,
Eu, por tantas vezes esmagado pela indiferença
Sutil e piedosa dos desamores;
Eu, tantas vezes perdido no descontrole
Firme dos meus devaneios intensos;
Eu, que tenho acabado sujo, desprotegido,
Vulnerável e mesquinho;
Que tenho derramado dos lábios um prazer doce,
Que tenho sido patético, submisso aos meus sentidos,
Que tenho sofrido madrugadas de solidão a dois;
Eu que tenho sido o piegas sonhador,
Que tenho tropeçado nos traços delicados de outra pele,
Eu verifico que não tenho par nisso tudo nesse mundo.

Mas meus companheiros não!
Ah, esses bem amados!
Comedidos e malditos!
Não perdem uma lágrima em desespero,
Não sussurram em gritos soltos
Promessas descabidas de amor eterno;
Não fraquejam em beijos de pernas trêmulas,
Não se entregam aos clichês dos versos em exagero.

Não, todos são comedidamente amados!
Jogadores sim, mas estupidamente apaixonados, nunca!

Argh!Estou farto desse sentimentalismo concreto,
Dessas paixões sem melodia, sem olhos e brilho.
Onde há intensidade nesse mundo?
Então sou o único inconseqüente e irracional dessa terra?

Ah, bem amados e coesos.
Podem terem sido covardes, mas sofridos de amor nunca.
E eu, que tenho sofrido sem ter sido amado,
Que tenho sido ridículo sem ter sido covarde,
Como posso eu escrever de amor?
Eu, parasita do que sinto,
Eu, que por um toque
Tenho me desfeito em sorrisos,
Eu, que tenho sido estúpido
Estúpido no sentido infantil da paixão.

Um comentário:

Murilo Moro disse...

paixão e estupidez caminham juntas, o amor é um menininho de boné e camiseta listrada que vive em volta da gente pregando peças, tapando nossos olhos com as mãos e gritando coisas sem sentido nos nossos ouvidos.

Depois que consegue o que quer ele vai embora dando risada, com um pirulito na boca.

sempre bom passar por aqui [2]