segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Diálogo interno

por Keissy Carvelli

Promessas, minha promessa.
Não conheço o pra sempre do universo,
nem o meu, nem o seu.
Prometo, meu amor, o amor.
O amor presente, o amor intenso, o meu amor.
Todo ele.

domingo, 16 de agosto de 2009

Doce solidão

por Keissy Carvelli

A minha solidão transborda os cinzeiros espalhados pelo quarto já quase vazio dos meus próprios detalhes, das minhas nostalgias e bobagens. Eu grito em silêncio súplicas incansáveis de um começo de noite quase quente, quase frio; eu deixo a janela e a porta abertas para ouvir passos se aproximando, mas meus pés estão sós.

Solidão barata e nem mesmo posso pagar. Apago as luzes para imaginar os segredos clareando a cama, mas minha imaginação está só, inteiramente só em sua própria alucinação.

Traição dessa saudade impune, intensa me vigiando a cada passar de dias chegando antes da hora, logo após o primeiro minuto da distância.

A minha solidão é tão minha que eu preferia que não fosse. Vai e depois volta pela estrada curva dos nossos pontos de partida. Minha tão necessária solidão de noites vagas e nostalgias densas, minimalistas, com diálogos ditos por outras bocas, em outro quarto, sala, cozinha.

A minha solidão transborda os cinzeiros, as palavras, e a distância.



quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Eterno

por Keissy Carvelli

Sorri ainda de olhos fechados a cada beijo meu delicado dado com o sol começando a bater na janela. Deixa o sorriso soar sereno, doce, depois um pouco preguiçoso, bem humorado para só então abrir um pouco os olhos, meio sonolentos recusando a luz que vem da janela, do dia.

Mexe nos fios de cabelo bagunçados, desarrumando-os mais, como numa cena perfeita em que a menina deixa os cabelos caírem no rosto sem perceber demonstrando uma graça ingênua, e depois me beija os lábios com boca sutil, cheia de paixão boreal, dessas paixões de quando a gente acorda,

Tento lhe dizer algumas frases criativas, penso em algum trecho de poema, em algum tipo de sentimento e sinto um pouco a estupidez dizer as mesmas palavras cheias de olhos brilhando de sempre. Logo eu, uma boa falante, que nunca deixa o silêncio vencer seus diálogos interiores. Só as não palavras e os olhos misturados ao sorriso terno no rosto são possíveis expressões, frases, ou o que quer que sejam.

Passo o dia procurando alguma flor com um formato diferente daquelas que já roubei para enfeitar-lhe a casa, ouço todos os sons saídos da rua para encontrar algum que caiba no exato momento em que atravessamos a rua, cruzo minha mão na sua toda vez em que se faz necessário desencostar o meu corpo do seu.

A lua toma um pedaço do céu deixando somente sua luz iluminar a cidade e as janelas dos apartamento e me pego numa casinha num lugar qualquer, vendo o seu mesmo sorriso de outrora e sinto a mesma estupidez das palavras que não conhecem a poesia exata, que deixam o silêncio dos olhos brilhando soar mais alto.

E a lua vai caindo, calma, dando três ou quatro suspiros a cada poucos segundos e não perco o seu sorriso doce das manhãs de vista, não deixo escapar a sensação de paixão ao acordar que noutras manhãs arrepiavam-me todo o corpo.

Para sempre é o tempo que o tempo pode levar, é o tempo de um sorriso.