segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

Por fim, o fim!

por Keissy Carvelli

Sem retrospectiva nem frases feitas: ufa, acabou!

quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

Menina dos olhos

por Keissy Carvelli


Ó Solidão, por que interrompe meu sono?
Por que desperta a cada manhã em meus braços
Sorrindo sem pressa de partir?
Solidão dos olhos negros dos desafetos
Do vazio inerte; do avesso; do desejo
Não vê minha angústia?
Não conhece meus pensamentos? Minhas palavras?
Não lê poesia? Não traduz meus versos?
Não sente ao menos culpa pelas promessas não ditas?

Solidão, menina dos olhos
Não feche a porta ao entrar
Deixe entreaberta entre os suspiros
E a dor.
Não cansa de desatinar suas fraquezas sobre mim?
Não sente o toque frio de minhas mãos?

Solidão, meu amor
Se te faço versos é para te espantar de mim.
Se te rogo praga
É para saber a hora de voltar.
Sem pressa, sem calma
Sem intensas tempestades
Apenas vá
Limitando-se a uma breve despedida
Eu e você, a sós, na cama onde tudo começou.

Solidão das noites nebulosas
Escute meu sono chegando
E parta sem fazer barulho.
Desarrume a sala em protesto;
Deixe seu perfume no lençol;
Guarde algum bilhete;
Beije meus lábios
E descanse em outro lugar
Onde possa repousar suas certezas
E seus monólogos insanos.

Menina, minha Solidão
Desculpe a indelicadeza
Mas não te quero por aqui.
Prefiro o frio, o calor
O pranto, a insatisfação.
Prefiro o terno, o vestido
A explosão
Ao seus toques impessoais.

Meu amor, vá
Não vire os olhos
Procure não me encarar.
Vá, Solidão
Não há mais nada aqui.
Pegue outro caminho,
Dormirei em paz
Sonhando sozinha.

terça-feira, 25 de dezembro de 2007

Amanhã de manhã

por Keissy Carvelli

Todo final de ano é a mesma coisa: propagandas de chester e Roberto Carlos. Ao menos o chester dá vontade de comer!

segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

Saudoso aroma

por Keissy Carvelli


É o cheiro. Aquele cheiro dos dias finais do ano da minha infância cheios de ansiedades: quem será o Papai Noel? Mãe, eu sei que Papai Noel não existe, quem é?! Tio, você vai fazer a lasanha? Tia, a gente vai brincar de bola na rua! Não entrem com esses pés sujos na casa! Tá, ta, vamos pra varanda.
As tardes cheias de risos e preparativos; a mesa sendo feita; frutas, doces; a árvore disposta no mesmo canto de sempre envolvida pelos pacotes coloridos daquela infância dos primos, do sol, do calor, da diversão.
A noite ameaçava cair e os estômago de criança já dava indícios de ansiedade: frio na barriga. Músicas instrumentais embolavam um Jingle Bells emocionado; os olhos queriam derramar algumas lágrimas, mas não havia motivos para chorar. As estrelas, a lua de verão, tudo em seu devido lugar.
O meio da noite se iniciava e agora era só esperar por ele, ele viria, a gente sabia! Um barulho era feito no telhado e os olhos atentos procuravam disfarçar o anseio. Ah, os olhos de criança.
Trilililimmmm Trilililimm. É ele, é sim. Os olhares se cruzam expressamente nervosos: ele chegou!
E todo o resto faz sentido, todas as pessoas fazem sentido. Faziam!
O cheiro mudou; os interesses mudaram; tudo mudou. As crianças mudaram. As crianças cresceram.
Quisera eu nunca ter descoberto que o bom velhinho era apenas o tio preferido disfarçado com barbas e botas.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Mensalidade

por Keissy Carvelli

É inevitável essa necessidade de me jogar em prosas ou poemas extremamente melancólicos uma vez por mês. Por vezes deixo o sono falar mais alto, ou me forço a deitar mais cedo para não parecer tão ridícula assim, tão publicamente, entretando eu acabaria eclodindo, ou matando alguém, ou a mim mesma, quem sabe.
Eu deveria ficar nervosa, me enfiar nas cobertas e comer chocolate até explodir nessas épocas denomindas de TENSÃO PRÉ MENSTRUAL, mas isso seria muito normal pra mim, não é? E além do mais me meti numa promessa e devo ficar até fevereiro sem comer sequer uma lasquinha de chocolate. Logo, como numa teoria bizarra da Grécia antiga, eu corro pra cá, neste miserável espaço cibernético, onde escrevo uma porrada de idiotices que provavelmente ninguém terá a paciência - com razão - de ler.
Tudo quanto é coisa que me acontece me faz ficar ainda mais melancólica e o mundo não ficaria surpreso se eu disesse que terminei de ler um livro do Goethe: um troço melancólico pra xuxu, e o cara se mata no final. Pronto, contei o final, o que não fará a menor diferença.
O livro é bom, é mesmo. O tal do Werther tem uma poética doce ao extremo, um quase Shakespeare, quem sabe; se fosse contemporâneo provavelmente cairia no clichê das novelas mexicanas: tudo muito sofrido, porém sem um desfecho feliz com festas, bebidas, beijos e gravidez.
O que mais me irritou no livro, porém, foi o jeito como me senti ali, naquele maldito Werther. Aquela intensidade toda, jurando amor por alguém que mal beijou. Puta cara esquisito, vai beber uma vodka, faça sexo, compre um maço de cigarros, e páre de chorar as pitangas que você não pode nem comer!
Inferno, o cara passa o livro inteiro amando uma mulher casada, outra trouxa; lamenta até os cotovelos; escreve, escreve, escreve; usa as mais belas palavras e no fim, ploft, se mata com a arma do marido da mulher! Puta-que-o-pariu! Vai ser infeliz assim lá na Etiópia!
Resumo da obra: presumo estar na minha TPM; estou discutindo e xingando uma personagem de um livro cujo autor morreu há milhares de anos; minhas unhas estão horríveis; odiei me identificar tanto com o idiota do livro; e a propósito, não posso nem comprar um maço de cigarros: promessa novamente!

sábado, 15 de dezembro de 2007

Alquimia

por Keissy Carvelli

As canetas voam com o tempo
Findam-se a cada mês.
As folhas cheias de tinta,
Emaranhadas em palavras soltas
Tropeçam nas premissas da pontuação
E só. Estão só.

Meus sapatos intactos,
Isentos de riscos, de marcas do chão
Não andam pra qualquer lugar
Distante de mim.
As solas dos meus sapatos
Persistem na imobilidade serena
de quem passa um dia, uma vida
Num ensaio programado
Para não sair do papel.

Minhas idéias, minhas quimeras
Minhas meninas, minhas paixões;
Meticulosas linhas de sonhos
E devaneios.
Minhas linhas,
Subterfúgio seguro
Sem graça; com água e sal;
Sem céu, nem sol
Nem tato, nem pulso
Extraviando as mazelas de um coração.

Minha corrida de olhos fechados
Punhos frenéticos
Cama, lençol
Insônia e colchão.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Antes que termine o ano

por Keissy Carvelli

Perto do final acabo lembrando do início...

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Run, run, run

por Keissy Carvelli

Eu preciso parar com isso. P-R-E-C-I-S-O!
Não estou disposta a chegar ao fim de todas essas paixões tendo em mãos poemas sujos de lágrimas e em minha cama um corpo só, destruído e intocado. Sentir é relativo, já dizia meu professor de Física.
E que seja, então, tudo relativo. Relativo ao tempo, espaço e às personagens. E que, ainda, eu também seja relativa.
Eu quero escolher e a minha única escolha é não sentir absolutamente nada por qualquer pessoa que esteja a mais de 30 km de distância, ou que ainda, tenha uma outra pessoa por perto num raio de 5 km!

Essa é a minha escolha. Uma pena não ser tão fácil quanto escolher uma blusa na vitrine.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

O Homem do Baú

por Keissy Carvelli

Depois de tirar dos cafundós do baú os lendários, e porque não magníficos, programas: Qual é a Música e Fantasia, Sílvio Santos (lalala hey) poderia trazer às nossas telinhas, agora digitais, o não menos importante Alô Cristina!
Minhas noites de insônia no auge dos meus 8 anos nunca teriam sido as mesmas sem a fabulosa Cristina e os seus telefonemas durante todo o programa.
Quem sabe com a volta dos que não foram não reapareça também Michael Jackson em sua coloração natural, e quem sabe ainda a Madonna não volte a ser puta.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Bifocal

Eu passaria horas sentindo o cheiro das minhas mãos, ou o das suas se eu o conhecesse. Deve ser esse o motivo da minha compulsão por roer unhas: dar uma razão plausível para ficar com o nariz ali, bem próximo dos dedos.
Por outro lado, dormir com os pés sujos ou sentir calor excessivo neles me desestrutura emocionalmente; sendo assim, nesses dias de calor dos desertos, antes de dormir lavo do joelho pra baixo com água bem gelada!