domingo, 9 de março de 2008

Personificação

por Keissy Carvelli

Essa brincadeira tola de abusar de uma racionalidade antes desconhecida custa uns bons pedaços daquilo que antes era inteiro, excesso, extremo. Proseia-se a poesia, solidifica os suspiros, dilui os sonhos de olhos abertos, cria-se uma espécie de teoria bem desenvolvida para qualquer coisa que seja sentida. Nessa brincadeira de não brincar, o soco silencia, o afago é escondido, a volta em círculos retoma em linha reta, a inércia é o comedido sem escrúpulos, e a roda gigante não é mais a atração principal do parque de diversões.
São horas para um único verso, muitos cigarros para vários vícios, e um só vestígio para todas as noites.
Ra-ci-o-na-li-da-de sem qualquer rima, sem apreço, sem um preço, prestação. Por vezes querendo fugir, por outras querendo encher a cara de um sadismo superior, uma ironia podre, sem classe. Por todas as vezes precisando de um pedaço inteiro, de um amor inteiro, completo, concreto em subjetividade; não uma mão, um beijo, um senão, uma contrapartida coesa, mas um deslize, uma insanidade, uma precisão.
São horas para uma única prosa. Essa racionalidade ou me alitera ou personifica.

Um comentário:

Rosa disse...

eu continuaria.

essa racionalidade me mata. e se mundo não munda pra aceitar a minha poesia.

eu digo, e te peço

não mude também.

que racionalidade, vez ou outra, não funciona.
e coração, ah..o coração. esse não para.