terça-feira, 11 de março de 2008

Meu lado Bridget Jones

por Keissy Carveli

Nunca fui do tipo que teve/tem muita sorte, ou qualquer sorte, no âmbito emocional. Tá bem, eu nunca tive muita sorte em coisa alguma, mas nesse quesito amor-paixão-namoro-o-raio-que-o-parta eu disponho de certa superação. Não que eu seja uma virgem suicida daquelas que fazem listas das 100 coisas que precisa fazer antes de morrer e o primeiro item é “beijar na boca”. Por Deus, eu sou bem “descoladinha” até, e já tive lá minhas ficadas esporádicas e afins. Mas o propósito disso tudo não é esse.
Como eu estava dizendo, até entrar numa sessão “por favor, não achem que sou uma mal amada por completo”, nunca fui mesmo de ter sorte. Aos 7 anos não fui a garotinha que era apaixonada pelo menino lindo da sala e que era correspondida com bilhetinhos e chicletes no intervalo. Na verdade eu fui a garotinha apaixonada, só não era correspondida. Okay, até aí tudo ótimo, essas coisas acontecem mesmo, e nessa época eu não era lá o que se chamava de “a criança mais linda da escola”, apesar de ser bem popular.
Até os meus doze anos gostei desse mesmo “menino da sala” e, não se surpreendam, até os mesmos doze anos nunca, leiam pausadamente, N-U-N-C-A tive qualquer correspondência da parte do filha-da-puta.
Ah, coisas de criança, dirá você, quando crescer passa. Uma ova! Nunca tive um namorico desses dos 16 anos cheio de clichês, bilhetes, músicas, declaraçõezinhas, chocolates e um coelhinho na páscoa, coração de pelúcia no Natal, cinema com pipoca, beijos e coca-cola. Mas é adolescência, passa! AHAN!
Não sei se a compreensão é fácil, abdiquei as metáforas, sinestesias, e poesias nesse relato-bem-humarado-do-meu-mal-humor que é pra não restar dúvidas. Em caixa alta: EU NÃO TENHO SORTE, ponto final, próximo parágrafo.
Aos 16 não tive um namoro bobo, não terminei aos 17, não sofri um ano todo como qualquer outra (se bem que as pessoas de sorte, no mínimo, sofrem 3 meses, mas isso não vem ao caso), não achei que o mundo iria acabar, e que o meu amor era o maior que existia na galáxia inteira. Aos 18 não conheci a pessoa perfeita, não entendi sobre amor, não recebi presente de aniversário, nem beijo, nem abraço à meia noite. Não tive qualquer demonstração de presença sólida interna, externa e ao lado.
Talvez seja alguma conspiração dos astros, não, não, isso seria passageiro: o ano do inferno astral e, no meu caso, bota anos nisso. Acredito que tenha sido logo quando eu nasci. Naquele sábado de oito de janeiro de mil novecentos e oitenta e nove, ás três e trinta e cinco da madrugada plutão entrava no ano 6, com fluxos de energia em saturno, que estava em escorpião, e a lua estava minguante, o que a astrologia define como: vai pro diabo que te carregue, você acaba de nascer e desista, nunca vai ser feliz no amor. Olha lá, os astros já sorriam sarcasticamente pra mim, e o médico dizia: olha que criança linda! Cuidado, papai, você vai ter um trabalho danado com essa menininha dos olhos verdes.
Ah, se não fossem as bebedeiras e as mentirinhas, meu pai nunca teria tido trabalho algum, senhor doutor!
E não pensem vocês, caros leitores que possivelmente estão rindo e me achando uma gracinha de menina, que não há como piorar. Eu passei todos esses anos, em que todos estavam namorando e eu escrevendo, ouvindo que alguém um dia ainda teria muita sorte de me encontrar. E que alguém ainda me faria muito feliz. E que eu era a pessoa mais perfeita que já conheceram. E até mesmo a minha psicóloga, vejam vocês, já disse: “você tem uma sensibilidade incrível, nunca perca isso, e não se apresse, as coisas acontecem”. Quer saber? Vão tomar reticências.
Nunca fui mesmo de muita sorte, tenho me distraído com os sentimentos platônicos, tenho escrito sobre amores distantes, solidão compassada; tenho desejado sem poder, amado sem querer, beijado sem prazer; tenho mantido a ironia, o riso ; tenho pintado as unhas de vermelho, o cabelo eu não pinto, nos olhos a lágrima eu escondo, e no tempo eu já nem acredito mais.
Tenho sido patética, extremista, platônica, publicada, mal amada, auto destrutitva, sarcástica; tenho sido patética, patética e poeta. E, antes de nascer, perguntaram-me com voz de anjos em nuvens de algodão: quer ter amor ou poesia? Adivinhem só o que eu escolhi.

4 comentários:

Maíra F. disse...

oi moça, achei seu blog por acaso mas TIVE que comentar depois de ler esse texto que descreve exatamente o que eu vivo hahaha! nossa, eu achava que era a única azarada com meu lado bridget jones a flor da pele... amando sem querer, beijando sem prazer. disse tudo e mais um pouco! voltarei mais vezes :)

Gouveia disse...

Brincadeira esse texto...
Ficamos então só no plano da contemplação platônica...

Maravilhosos seus textos; agora sei por que não ia às aulas de gramática... fico feliz pois ia às de Redação, embora mostre que não precisasse. Talvez seja em decorrência das merdas que eu dizia...

Abraços,

Gouveia.

Anônimo disse...

mto, mas mtoo bom!haha

e sabe que eu era desastrada, sofrida e tudo o mais com o amor.
ainda sou, apesar de agora as coisas terem dado certo. e não vou falar q um dia vai dar certo pra vc tbm, pq vc vai pensar "cretina!".

haha

bjão

Anônimo disse...

que linda *-*