quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Muda, muda, muda

por Keissy Carvelli

Arruma o quarto, lava a louça, limpa o chão. Faz a compra do mês: detergente, arroz, pimenta, sal, sabão. Pratos, panelas, panos, princípios, pedaços aqui, partes ali. Faz o almoço, guarda dinheiro, acorda cedo, sente saudade, sente vontade, sente paixão.
Veste-se em sua casa, em sua rua, em seu pedaço pequeno de liberdade. Dorme em seus sonhos sem critérios, sem funções, sem qualquer ordem. Há apenas um motivo/razão.
Cruza uma, duas avenidas; logo acende um cigarro e deixa queimar no rosto um sorriso longo, daqueles que se estendem daqui até onde ninguém pode alcançar. Daqueles que o vento bate e logo sente inveja. Daqueles que dizem, gritam em silêncio.
Acorda e tudo está ali, sob seus pés, seus olhos. Não, menina, não é mais um sonho maluco de madrugada.

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