terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Entre besteiras

por Keissy Carvelli

Eu sou uma estúpida, com ênfase em todas as sílabas para deixar bem claro a característica de um asno que me ronda.

Tenho uma habilidade genial de estragar qualquer situação pela mania grotesca de botar em palavras aqueles sentimentos todos que deveriam ficar guardados, bem guardados, sabe Deus onde.
Sufoca-me no exato instante sensações extremas que poderiam resultar num livro, numa música, num poema, numa lágrima. De qualquer forma não há nada além, ou até haja, como diria uma música da minha infância: um sentimento além da imaginação.
Escondo as pretensões por um segundo ou por outro e minha máxima vontade é botar os pés descalços no esfalto esperando você apontar na esquina, e te abrir a porta num gesto envergonhado, olhar teus olhos e estampar no rosto um meio sorriso de alívio e alegria. E eu ficaria ao teu lado por um pedido tímido vindo da sua mão puxando a minha sem qualquer medo, e eu estaria ali, olhando-te de perto e contando cada pintinha pequena existente no seu rosto.
Trocaríamos pedidos de desculpas pelas inúmeras grosseirias sem motivos, pelas besteiras ditas, pelos tons excessivos; trocaríamos sorrisos desses que damos todos os dias entre as conversas e eu te faria falar por horas só para escutar sua voz.
Já não penso em casamento, nem na remota possibilidade dos meses seguintes: meus planos detalhados me boicotam a cada suspiro. Não imagino em voz alta, não troco figurinhas com o futuro, não brinco com a intensidade, não escrevo romances hollyodianos.
Todavia, ainda que haja tempo, eu não desisto justamente pelo simples gesto de todo dia, pelas manhãs, pelos sorrisos, pelas mesmas besteiras de outrora, pela minha instabilidade, infantilidade. Eu não desisto porque sentimento nenhum é pouco o suficiente para qualquer desistência.

Um comentário:

Anônimo disse...

Desistir jamis...há sempre apesar de não se achar por vezes, um outrocaminho.

"quando o sol bater na janela d teu quarto, lembra e ve que caminho é um só"