segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Escarro

por Keissy Carvelli

Inferno! Que um raio parta
E desfaça tudo:
Do amor ao ódio,
Do ócio ao ópio,
Da fragilidade a prepotência
Infame dos apaixonados;
Dos mal amados; idolatrados;
Mal sucedidos; bem comidos;
Sutis e frívolos!

Um escarro percorre meu rosto
Sem toque doce; beijo de partida.
Não há chegada.
O tédio quente das noites mal resolvidas,
Do sexo não vivido,
Do tiro incerto a lugar algum
Cospe em solo preto
O teor miserável desses dias,
Dessas estações invertidas
E entretidas com sol, chuva e solidão.

Não levo porrada, nem zelo;
Não há embaraços nem afagos
Em meus cabelos.
A ironia é mantida em desespero
Enquanto o sorriso se faz
Pelo excesso de álcool,
Pela falta de cigarro,
Pelas promessas fervorosas,
Rezas, preces, sussurros, lágrimas,
Dias de cão.

Inferno! Que um raio parta
E desfaça tudo;
Traga-me um livro;
Exiba-me uma vitória;
Conceda-me um beijo,
Uma pele, uma paz.
Que um raio parta
E desfaça tudo,
Mas deixei o tudo aqui,
Um pouco mais perto de mim.

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