por Keissy Carvelli
Já era bem início de madrugada quando me coloquei na cozinha para preparar alguma coisa pro meu almoço do dia seguinte. Pode parecer estranho, entretanto não há nada que me deixe mais feliz do que fazer o que me dá vontade e na hora exata da vontade; e foi assim, além da necessidade, tive vontade de cozinhar!
Apanhei a carne na geladeira e por um tempo fiquei ali, parada, analisando e relembrando que tipos de ingredientes faziam parte de uma carne moída para pastel. Na porta da geladeira avistei o vidro de azeitona, e logo ele estava em minhas mãos. Tudo pronto: cebola, azeitona, caldo de carne e alho. Misturados ao óleo já na panela tudo tomava a forma exata do proposto.
Colher de pau vai, colher de pau vem, um reflexo rápido de consciência e memória me fez lembrar do, senão primordial, mas importantíssimo ingrediente faltando na minha carne: cebolinha!
É a alma do negócio. Carne de pastel sem aqueles pedacinhos verdes no meio é como comer lanche sem hamburguer: incabível!
Ainda posta à frente do fogão passei a pensar na tal da cebolinha. Lembrei que meu pai - lê-se como aquele que faz a feira - não compra cebolinha há anos, seria inútil procurar na geladeira. E assim, numa eternidade de uns 30 segundos estava eu lá, no local que me traria a tão necessária cebolinha.
Acendi as luzes do imenso quintal, e, andando pelas pedras, cheguei ao canteiro das flores, onde meu pai passa horas e horas numa leve brincadeira de descontração. Lá estava ela: a cebolinha, e não só uma, mas sim um pé dela, vários pés dela. Quanta cebolinha!
Apanhei três ou quatro pézinhos e voltei feliz, para a minha carne, que agora sim, seria uma típica carne moída de pastel, com azeitona e cebolinha!
Que eu não tenha uma piscina, nem uma sacada em minha casa; que seja quarto/cozinha/banheiro, e que não caiba um cachorro, todavia, tenho como convicção que lá terá um pé de cebolinha, seja em quintal ou canteiro, mas que seja cebolinha!
quinta-feira, 29 de novembro de 2007
sábado, 24 de novembro de 2007
Princípio de Parte Alguma
por Keissy Carvelli
Grande poeta, com um metro e sessenta;
Bolsos cheios de ironia;
E versos livres postos à mão.
Grande poeta dos amores;
Do lirismo exagerado;
Das palavras pomposas;
Dos pontos e vírgulas alinhados;
E da cama estúpida em solidão.
Grande poeta noturno
De eu-lírico forte, doce;
Do subjetivo desconcertante,
Do choque em exatidão.
Dos títulos metafóricos;
Das metonímias, assonâncias,
Da criativa aliteração;
Das lágrimas em letras,
Das letras em prosa, em música.
Poeta dos raciocínios escritos;
Da voz em tinta, da tinta em tempo, trovão;
Da tempestade um céu claro;
E do toque, uma quimera,
Distante imaginação.
Grande poeta! Grande porcaria!
Grande Porre!
Quisera eu não ter poética alguma,
E não ter caneta, nem caderno, nem papel.
Quisera eu não ser ridículo, patético
Não ser insensato, extremista, paradoxo.
Quisera eu não ser poeta, nem puta
Nem o raio que o parta!
E então, eu seria, simplesmente.
Grande poeta, com um metro e sessenta;
Bolsos cheios de ironia;
E versos livres postos à mão.
Grande poeta dos amores;
Do lirismo exagerado;
Das palavras pomposas;
Dos pontos e vírgulas alinhados;
E da cama estúpida em solidão.
Grande poeta noturno
De eu-lírico forte, doce;
Do subjetivo desconcertante,
Do choque em exatidão.
Dos títulos metafóricos;
Das metonímias, assonâncias,
Da criativa aliteração;
Das lágrimas em letras,
Das letras em prosa, em música.
Poeta dos raciocínios escritos;
Da voz em tinta, da tinta em tempo, trovão;
Da tempestade um céu claro;
E do toque, uma quimera,
Distante imaginação.
Grande poeta! Grande porcaria!
Grande Porre!
Quisera eu não ter poética alguma,
E não ter caneta, nem caderno, nem papel.
Quisera eu não ser ridículo, patético
Não ser insensato, extremista, paradoxo.
Quisera eu não ser poeta, nem puta
Nem o raio que o parta!
E então, eu seria, simplesmente.
quarta-feira, 21 de novembro de 2007
Goetheando
"É por isso que trato o meu coração como uma criancinha doente, permitindo-lhe todas as vontades. Mas não diga isso a ninguém: muita gente considera-o um crime..."
[Goethe em: Os Sofrimentos Do Jovem Werther]
.é por isso que eu faço o mesmo.
[Goethe em: Os Sofrimentos Do Jovem Werther]
.é por isso que eu faço o mesmo.
Rodapé de Livro
por Keissy Carvelli
*Que o leitor se poupe o trabalho de procurar os lugares citados neste livro, pois foi necessário substituir os verdadeiros nomes que se encontravam no original.
Torra a minha paciência me deparar com algo desse tipo.
*Que o leitor se poupe o trabalho de procurar os lugares citados neste livro, pois foi necessário substituir os verdadeiros nomes que se encontravam no original.
Torra a minha paciência me deparar com algo desse tipo.
terça-feira, 20 de novembro de 2007
Dobradura
por Keissy Carvelli
Já não podia ouvir as vozes lá fora,
Nem o som do céu, dos grilos, do vento frio.
Trançava os dedos, prendia o riso;
Desfazia em palavras curtas
A tensão serena do desejo escondido
Daquela voz tão calma causadora do meu arrepio
Já não podia cessar aquela paixão
Um tanto madura, um tanto infantil
De cores pintadas em desenhos escritos;
De papéis dobrados em formas intimistas
Contrastados numa paciência sólida,
Tão estratificada como outrora não se viu.
Já não podia querer
Evitar os versos,
As vozes, o tempo, a contradição;
Já não podia deixar em branco
Folhas e linhas caídas por aí;
Já não podia desafiar o mundo,
Tampouco ter uma estrela nua; uma gota de chuva
E você noutra mão.
Já não podia ouvir as vozes lá fora,
Nem o som do céu, dos grilos, do vento frio.
Trançava os dedos, prendia o riso;
Desfazia em palavras curtas
A tensão serena do desejo escondido
Daquela voz tão calma causadora do meu arrepio
Já não podia cessar aquela paixão
Um tanto madura, um tanto infantil
De cores pintadas em desenhos escritos;
De papéis dobrados em formas intimistas
Contrastados numa paciência sólida,
Tão estratificada como outrora não se viu.
Já não podia querer
Evitar os versos,
As vozes, o tempo, a contradição;
Já não podia deixar em branco
Folhas e linhas caídas por aí;
Já não podia desafiar o mundo,
Tampouco ter uma estrela nua; uma gota de chuva
E você noutra mão.
sábado, 17 de novembro de 2007
Alheio
por Keissy Carvelli
Tantas vozes e já não sei exatamente por onde anda a minha; o vento frio; os olhos ardem; a preocupação sofre de ansiedade enquanto a introspecção apresenta-se anti-social.
Não existe necessariamente uma vontade unilateral, tampouco uma construção pacífica de princípios e verdades. Não há qualquer princípio.
Num computador avesso aos meus processos estão alheios meus dedos corados do frio, da impaciência e dos gritos desses corpos encostados pelo sofá da sala.
Talvez eu precise de algum tipo de paixão platônica um pouco mais real e próxima, para que, assim, eu possa rabiscar minhas linhas específicas.
Curitiba, 17 de novembro de 2007
Tantas vozes e já não sei exatamente por onde anda a minha; o vento frio; os olhos ardem; a preocupação sofre de ansiedade enquanto a introspecção apresenta-se anti-social.
Não existe necessariamente uma vontade unilateral, tampouco uma construção pacífica de princípios e verdades. Não há qualquer princípio.
Num computador avesso aos meus processos estão alheios meus dedos corados do frio, da impaciência e dos gritos desses corpos encostados pelo sofá da sala.
Talvez eu precise de algum tipo de paixão platônica um pouco mais real e próxima, para que, assim, eu possa rabiscar minhas linhas específicas.
Curitiba, 17 de novembro de 2007
quarta-feira, 14 de novembro de 2007
Em Palavras comuns
por Keissy Carvelli
E então começo a pensar sobre essas coisas todas. Pego o violão; folheio um livro velho; passo os olhos pela agenda já quase toda escrita; não saio do mesmo ponto: a falta que a falta faz.
Não, não é um tipo de alusão à música do Jay Vaquer, é a tradução exata de todas essas coisas que eu já não sei explicar.
Uma pulseira a mais no braço; um exercício resolvido; um cd tocando ao fundo; nada parece supir este tipo de lacuna que começa e termina não sei onde. Um infinito particular gritando sem ser ouvido e todas as tentativas soam provisórias, escoando a cada tropeço ou na falta dele.
"Esconda-se, corra, fuja". Não. Posso fazer diferente?
E então começo a pensar sobre essas coisas todas. Perco a prosa, o verso...
E então começo a pensar sobre essas coisas todas. Pego o violão; folheio um livro velho; passo os olhos pela agenda já quase toda escrita; não saio do mesmo ponto: a falta que a falta faz.
Não, não é um tipo de alusão à música do Jay Vaquer, é a tradução exata de todas essas coisas que eu já não sei explicar.
Uma pulseira a mais no braço; um exercício resolvido; um cd tocando ao fundo; nada parece supir este tipo de lacuna que começa e termina não sei onde. Um infinito particular gritando sem ser ouvido e todas as tentativas soam provisórias, escoando a cada tropeço ou na falta dele.
"Esconda-se, corra, fuja". Não. Posso fazer diferente?
E então começo a pensar sobre essas coisas todas. Perco a prosa, o verso...
Um Príncipe, no duro!
por Keissy Carvelli
Queria saber quem foi o filho-da-puta, com perdão à mãe, que inventou o maldito Vestibular. Provavelmente foi um brasileiro rico, metido a besta de um intelectual graduado numa porcaria de um curso sobre educação e, numa aposta segura, um belo de um engravatado filho-da-puta a fim de descontar nas gerações seguintes o seu trauma de não ter sido um bom músico, escritor ou coisa que o valha.
Um belo sacana.
A propósito, domingo (18/11) vestibular da UFPR; domingo (25/11) FUVEST. Não, não termina por aí! O que me incentiva é saber que na faculdade encontrarei pessoas extremamente inteligentes e sem um pingo de ignorância. O vestibular faz isso, seleciona muito bem os futuros integrantes do mercado de trabalho!
E à você, filho-da-puta criador deste belo selecionador de estudantes, as minhas reverências: você é um Príncipe!
Queria saber quem foi o filho-da-puta, com perdão à mãe, que inventou o maldito Vestibular. Provavelmente foi um brasileiro rico, metido a besta de um intelectual graduado numa porcaria de um curso sobre educação e, numa aposta segura, um belo de um engravatado filho-da-puta a fim de descontar nas gerações seguintes o seu trauma de não ter sido um bom músico, escritor ou coisa que o valha.
Um belo sacana.
A propósito, domingo (18/11) vestibular da UFPR; domingo (25/11) FUVEST. Não, não termina por aí! O que me incentiva é saber que na faculdade encontrarei pessoas extremamente inteligentes e sem um pingo de ignorância. O vestibular faz isso, seleciona muito bem os futuros integrantes do mercado de trabalho!
E à você, filho-da-puta criador deste belo selecionador de estudantes, as minhas reverências: você é um Príncipe!
terça-feira, 13 de novembro de 2007
Ponto P
por Keissy Carvelli
"Cada um chama de amor aquilo que sente"
...assim como cada um interpreta como quiser aquilo que lê!
"Cada um chama de amor aquilo que sente"
...assim como cada um interpreta como quiser aquilo que lê!
sexta-feira, 9 de novembro de 2007
Epifania
por Keissy Carvelli
Jogou-se do quinto andar,
Mas não quis se sujar
Nem de areia, nem da lágrima
Seca e fria que repousava
Calada na sua intorpecente brincadeira de rodar.
Atravessou a janela,
Mas da transparência não se esquivou.
Tinha tanta fé em coisa alguma;
Sentia tanta febre, tanta falta;
Sentia-se nua num corpo tão frágil
Que assim, logo cedo, nenhum soluço murmurou.
Jogou-se do quinto amor
Para o canto escuro da sala.
Jogou-se ao chão, ao céu;
Jogou-se ao tempo e à dor;
Jogou-se tanto, que prefiriu se trancar
Jogada aos traços de todo o seu torpor.
Jogou-se do quinto andar,
Mas não quis se sujar
Nem de areia, nem da lágrima
Seca e fria que repousava
Calada na sua intorpecente brincadeira de rodar.
Atravessou a janela,
Mas da transparência não se esquivou.
Tinha tanta fé em coisa alguma;
Sentia tanta febre, tanta falta;
Sentia-se nua num corpo tão frágil
Que assim, logo cedo, nenhum soluço murmurou.
Jogou-se do quinto amor
Para o canto escuro da sala.
Jogou-se ao chão, ao céu;
Jogou-se ao tempo e à dor;
Jogou-se tanto, que prefiriu se trancar
Jogada aos traços de todo o seu torpor.
quarta-feira, 7 de novembro de 2007
Fim do Corredor
por Keissy Carvelli
Destroços passados
Perdidos no vasto tempo de um mês
Ou cinco, talvez
Prensados ao fundo
dos potes lacrados e etiquetados.
Resquícios funcionais do amor,
Da dor, dos espasmos extremos;
Da loucura. Pressa!
Sem saber para onde correr: vire a direita,
fim do corredor!
E naquele espaço especulativo de consciência,
O extrato bancário em deficiência.
Os olhos cansados de enxergar,
O céu estrelado enchendo a boca de álcool.
A solidão redundante de mãos vazias,
De peito aberto
Extremando na embriagues
O tremor firme das palavras clichês,
Daqueles dicionários infames
E lençol deserto.
Destroços passados
Perdidos no vasto tempo de um mês
Ou cinco, talvez
Prensados ao fundo
dos potes lacrados e etiquetados.
Resquícios funcionais do amor,
Da dor, dos espasmos extremos;
Da loucura. Pressa!
Sem saber para onde correr: vire a direita,
fim do corredor!
E naquele espaço especulativo de consciência,
O extrato bancário em deficiência.
Os olhos cansados de enxergar,
O céu estrelado enchendo a boca de álcool.
A solidão redundante de mãos vazias,
De peito aberto
Extremando na embriagues
O tremor firme das palavras clichês,
Daqueles dicionários infames
E lençol deserto.
terça-feira, 6 de novembro de 2007
Boa Educação
por Keissy Carvelli
"Você precisa aprender a se defender", foram as exatas palavras ouvidas em mais uma sessão de análise comportamental.
Não chamem os Power Rangers, nem Chapolin Colorado, nem um daqueles Pokemons estranhos e sem graça: a defesa não é bem por aí.
"Você precisa aprender a se defender", foram as exatas palavras ouvidas em mais uma sessão de análise comportamental.
Não chamem os Power Rangers, nem Chapolin Colorado, nem um daqueles Pokemons estranhos e sem graça: a defesa não é bem por aí.
segunda-feira, 5 de novembro de 2007
Todo Começo Tem um Clichê
por Keissy Carvelli
Arrumar o guarda-roupas; trocar os móveis de lugar; comprar novos discos, novos livros; arrumar a estante; guardar as lembranças em "potes transparentes etiquetados com o prazo de validade" e fazer um novo blog.
Nem todo final tem um começo, mas todo começo tem sempre um clichê.!
Arrumar o guarda-roupas; trocar os móveis de lugar; comprar novos discos, novos livros; arrumar a estante; guardar as lembranças em "potes transparentes etiquetados com o prazo de validade" e fazer um novo blog.
Nem todo final tem um começo, mas todo começo tem sempre um clichê.!
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