segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Meus discos

por Keissy Carvelli

Às vezes eu me pergunto o que há entre mim e você que faz dar certo. Se é o teu sorriso de criança que combina com o meu meio de canto. Se são os teus discos estranhos que se encontram com as minhas velharias musicais; se são os teus livros empoeirados que procuram os meus virtuais.

Tem horas que procuro saber o que faz a gente se gostar assim. Se é a sua forma de me irritar com os teus princípios se chocando com a minha mania de classificar ações. Se é o teu não-ciúme brigando com o meu ciúme escancarado. Se são as tuas palavras doces seguidas de risadas observando as minhas palavras rudes e doces seguidas de pontos.

Às vezes eu me pergunto o que faz eu te querer tanto. Se é o teu beijo calmo que vai levando o meu. Se é o teu olhar perdido em contrapartida com o meu, te fixando nos olhos. Se é a tua mão pequena agarrando na minha um pouco maior, de unhas vermelhas. Se é o teu perfume que gruda na minha roupa cansada do meu cheiro. Se é a tua saudade desfreada e carente gritando com a minha, controlada e coesa.

Às vezes eu me pergunto se é o teu cabelo claro misturado ao meu escuro; se é o teu olho escuro misturado ao meu claro; se é a tua inteligência alta brincando com a minha mediana. Se é o teu egocentrismo rindo da minha auto-destruição.

Tem dias inteiros que me pergunto por que você gosta de mim. Se é pelas minhas poesias exageradas derramadas sobre a tua contenção. Se é a minha mania de fazer tudo o que quer contribuindo para o teu "não me pressione". Se é a minha paixão em música, prosa e rima aceitando o tua em frase.

Ás vezes, em horas, em dias, em instantes, eu me pergunto o que há entre nós. Se é a sua brincadeira de verdade testando a minha verdade de brincadeira. Se é a sua relação às avessas conquistando o meu avesso.

Às vezes eu me pergunto por que é que eu me pergunto. Se é pelos meus motivos conflitando com as suas razões.

Às vezes eu me pergunto o porquê de tanta pergunta. Se é pela minha intromissão disfarçando a tua estranha convicção, ou se é pela minha distração de não perceber que em você eu encontro meus livros, meus discos e descanso minhas folias e meus risos.






[...e ainda diz que não é nada minha.]

5 comentários:

diana stivelberg disse...

e você vem dizer que sou eu que escrevo bem...

tá um melhor que o outro por aqui :)

Anônimo disse...

Olá, faço cursinho no Cristo Rei e o professor Gouveia apresentou para a sala o seu blog, tambem leu alguns textos. Admirei o jeito que você escreve, agora você tem mais um leitor. Bom final de semana.
Se puder da uma passadinha no meu site tambem, vou deixar o endereço.

Anônimo disse...

www.oficinadasartes.nafoto.net

Rosa disse...

ah...a melhor sensação do mundo é ficar sem entender porque certas coisas [as melhores] não tem razão óbvia e aparente de acontecer.

e faz muito tempo que eu não sei como é isso.

um beijo, minha linda

Anônimo disse...

Olá, só agora vi seu comentário no meu blog. Aliás, dei uma lida por aqui e gostei muito. Parabéns!