quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Enquanto eu vou

por Keissy Carvelli

Tudo o que eu ouço é a chuva batendo na janela às minhas costas enquanto vou tateando minha saudade com as pontas dos dedos que há pouco estiveram em todo teu corpo.
Se estivesse aqui, talvez saíssemos nessa chuva de mãos dadas andando por aí, numa praça deserta, ou por entre as ruas alagadas de carros e histórias. A nossa estaria sendo feita a cada centímetro de sorriso despedaçado e completado com nossas besteiras e nossos cafés. Só tomo café do seu jeito, com o nosso cigarro, com você.
Minhas promessas se confundem com o meu desejo de te segurar bem forte e não te deixar ir, mesmo que seja eu quem tenha que ir. A chuva não deixa, ela me quer aqui. Ela pede um beijo, sob suas gotas frias, sob seu céu cinza. Ela...
O som da água batendo no chão não tem graça, o som de bolero, de blues, de samba não tem graça. A saudade não tem graça. Eu sem você parece não ter graça.

3 comentários:

Laurita Danjo disse...

Essa chuva realmente deu o que pensar. Sozinhos, olhando as gotas escorrerem pela janela. Muito ruim isso.
:(

diana stivelberg disse...

mas só chove, chove

Pedro disse...

Dom Quixote
(ventoonde.blogspot.com):

A chuva remete à distância. Distância entre dois corpos, entre dois corações, entre duas vidas entre vontades, distância entre dois pingos que insistem em cair ao mesmo tempo, juntos, mas separados.