domingo, 16 de agosto de 2009

Doce solidão

por Keissy Carvelli

A minha solidão transborda os cinzeiros espalhados pelo quarto já quase vazio dos meus próprios detalhes, das minhas nostalgias e bobagens. Eu grito em silêncio súplicas incansáveis de um começo de noite quase quente, quase frio; eu deixo a janela e a porta abertas para ouvir passos se aproximando, mas meus pés estão sós.

Solidão barata e nem mesmo posso pagar. Apago as luzes para imaginar os segredos clareando a cama, mas minha imaginação está só, inteiramente só em sua própria alucinação.

Traição dessa saudade impune, intensa me vigiando a cada passar de dias chegando antes da hora, logo após o primeiro minuto da distância.

A minha solidão é tão minha que eu preferia que não fosse. Vai e depois volta pela estrada curva dos nossos pontos de partida. Minha tão necessária solidão de noites vagas e nostalgias densas, minimalistas, com diálogos ditos por outras bocas, em outro quarto, sala, cozinha.

A minha solidão transborda os cinzeiros, as palavras, e a distância.



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