quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Em cantos

por K.C


Nunca me mostrou novos livros, não me falou sobre filosofias baratas, não aposta comigo quem sabe mais, aposta em mim. Não conversa por horas sobre passados, lembranças concretas, histórias vencidas.
Seu corpo magro, de curvas definidas, braços longos e cabelos na altura dos ombros quase estreitos não se aventura por aí, em outro corpo qualquer. Ela é tão linda, e não acredita.
Acredita nas cenas que cobrem seus olhos indefinidos, acredita no que lhe toca o peito, sem saber exatamente onde. Se eu disser, ela acredita, se outro disser também pode acreditar. Ela é tão linda, e nisso não acredita.
Não sei seu partido, se tem, sequer, um partido. Não deve ter, não lhe cairia bem. Das políticas, ideias, confusões do mundo pouco sabe, pouco comenta, prefere deixar pra lá. Deixa pra mim, posso me virar bem.
O amor, o amor ela sabe, sem saber. Mostra serenamente o amor puro, completamente nu, sem medos, nem grandes expectativas. Num abraço de despedida, num beijo de chegada, numa lágrima de saudade me faz perceber o sentido em sorrir a dois. Ela é tão linda, e tão linda.
Os livros eu guardo na estante, as filosofias baratas no bolso vazio, as histórias vencidas eu espalho por aí. Tanto faz. O sentido que ela dá ao amor eu deixo em mim, para deixar que ela sinta numa felicidade sorrindo saindo de mim. O amor dela é tão lindo, e eu acredito.